Dicas de revisão de tese e manuscrito

A revisão do texto científico não pode ser entendida apenas como revisão da nossa língua, uma vez que sua eficácia depende de muitos outros pontos, como tratei no 6º capítulo do livro Redação científica moderna. Em dicas de redação científica, cuidados especiais, apresentei breves exemplos, entre muitos, no que diz respeito à redação científica e, em consequência, à revisão. Um método eficaz para autoanalisar a organização interna da pesquisa científica consiste em verificar os pontos fortes e fracos, de modo a evidenciar os domínios que podem ser melhorados.

Em Come si fa una tesi di laurea: le materie umanistiche, Umberto Eco agradece a Cesare Legre na introdução do livro pela leitura do original datilografado. Comenta que aceitou alguns conselhos recebidos de Legre, mas manteve sua posição em outros. Se um autor como Eco "consultou" Legre como seu "revisor", imagine a importância da revisão para os iniciantes na arte de preparar estudo acadêmico-científico! Até experientes revisores de periódicos científicos se veem, muitas vezes, diante de situações complexas para sugerirem alterações em manuscritos submetidos para apreciação.

Alguns pesquisadores submetem a redação de seus estudos aos pares, não só para considerações específicas, mas também para melhorar a qualidade do texto científico. O que não é fácil, uma vez que a redação científica tem particularidades. Quando não conseguem aperfeiçoá-la, buscam ajuda externa, ou seja, de revisores especializados. Não há contraindicação. O pesquisador de mestrado ou doutorado que submete a sua tese à revisão especializada demonstra zelo especial com o estudo, professores orientadores, banca examinadora, pareceristas, colegas, pacientes e público em geral. Cabe ao pesquisador participar da revisão para não correr o risco de ter suas ideias alteradas ou suprimidas do trabalho científico, sem que sequer venha a saber.